Luxação de Ombro

Quando a junta “sai do lugar”

A luxação é a perda do contato articular entre os ossos que formam a articulação. Ou seja, ocorre quando há um deslocamento e a junta “sai do lugar”. Pode acontecer com qualquer articulação, mas é mais comum no ombro. A luxação de ombro ocorre quando uma força extrema supera os mecanismos estabilizadores e desloca a cabeça do úmero para fora da glenóide. Na maioria das vezes a luxação causará lesões nos ligamentos e no labrum. Assim também, pode causar lesão óssea.

Os tipos de luxação glenoumeral

A luxação do ombro pode ser traumática – sem dúvida a maioria – ou atraumática. As luxações atraumáticas ocorrem em situações que predispõem o ombro a sair do lugar, como por exemplo, frouxidão ligamentar. A direção da luxação pode ser anterior, porquanto a mais comum, posterior (10% dos casos), inferior ou multidirecional (mais comum na hiperfrouxidão ligamentar). A luxação anterior traumática acontece normalmente com o ombro na posição de abdução e rotação externa – posição de arremesso. Pode ocorrer também por tração do braço. Não é incomum o paciente não saber explicar em que posição estava o ombro na hora do trauma.

O que acontece após uma luxação de ombro?

Como dito acima, após a luxação os ligamentos e o labrum sempre tem algum grau de lesão. Em pacientes com frouxidão articular as lesões ligamentares são raras. Quanto maior a lesão – e quanto mais jovem for o paciente na data do primeiro episódio – maior a probabilidade de o ombro “sair do lugar” novamente. A partir do segundo episódio, já há uma instabilidade da articulação glenoumeral, e chamamos de luxação recidivante. Podem inclusive acometer a parte óssea da glenóide, causando uma lesão conhecida por lesão de Bankart. Uma luxação do ombro deve ser tratada adequadamente a fim de que a instabilidade seja resolvida em definitivo. Primordialmente deve-se impedir que o ombro continue “saindo do lugar”. O não cuidar corretamente da luxação de ombro, pode causar vários problemas no médio e longo prazo:

• lesões de mais ligamentos do ombro ou do úmero;
• lesões ósseas;
• lesão do Manguito Rotador;
• lesões neurológicas
• osteoartrose

Com efeito, ao protelar um diagnóstico e o respectivo tratamento, o paciente permanece na insegurança. Tem que evitar movimentos que podem causar a luxação. Em síntese, geralmente isso implica em mudar – ou parar completamente – a atividade física.

Tratamento

O tratamento depende de algumas variáveis: idade, função profissional, tipo de esporte que pratica, se é o primeiro episódio ou não, etc.
É conservador quando há um primeiro episódio em pacientes acima de 40 anos, sem que ocorra uma lesão do Manguito Rotador associada.
Assim sendo, procede-se com a imobilização com tipóia por no mínimo três semanas, seguida de fisioterapia e reforço muscular por um período não inferior a três meses.

Indicação Cirúrgica

Por outro lado, em pacientes mais jovens que luxaram devido à trauma a chance de recidiva é muito grande. Dessa forma, boa parte já tem indicação cirúrgica mesmo sendo o primeiro episódio. A cirurgia na maioria dos casos é feita por videoartroscopia, isto é, as lesões ligamentares e labrais são reparadas por pequenos orifícios feitos no ombro (geralmente três ou quatro) com o auxílio de “pequenos parafusos” denominados âncoras. Este tipo de procedimento tem alta taxa de sucesso nos dias atuais. Já aqueles pacientes que não tem história de trauma nos episódios de luxação normalmente são tratados de forma não cirúrgica. Vale lembrar da velha máxima de que “cada caso é um caso” e cada paciente deve ser avaliado adequadamente pelo especialista em cirurgia do ombro.